quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bancada da ''motosserra'' ataca o ministro do Meio Ambiente

A bancada ruralista no Congresso Nacional, apelidade pelos ambientalistas de ''bancada da motosserra'' por causa dos desmatamentos que os ruralistas promovem em áreas de floresta, partiu para o ataque contra o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e da Pecuária do Brasil), entidade que congrega os interesses dos ruralistas e latifundiários, formalizou dois pedidos pela saída do ministro do cargo. No último dia 27, ao participar do ''Grito da Terra'', o ministro chamou os integrantes da bancada ruralista de ''vigaristas'' e disse que ''os ruralistas encolheram o rabinho de capeta e agora fingem defender a agricultura familiar''.''Eu não sou a patroa dele. Se fosse, você ia ver o que eu ia fazer,'' disse a senadora Katia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA, insinuando que o demitiria. Para ela, é ''inadmissível'' o ministro continuar no cargo após suas recentes declarações e a sua postura ''sem isenção'' a frente da pasta, como se não coubesse ao ministro defender o meio ambiente.
A entidade fez nesta terça (2) uma denúncia contra o ministro no Ministério Público Federal e uma representação contra ele na Comissão de Ética Pública.
A representação alega que o ministro teria atentado contra ''a dignidade e a honra'' dos ruralistas. Atualmente, há 76 deputados e 16 senadores com uma quantidade relevante de terras rurais, de acordo com levantamento da Transparência Brasil.O número é maior quando é levada em conta toda a Frente Parlamentar da Agropecuária, composto por deputados e senadores ligados a questões do médio e grande produtor mas que não possuem terras necessariamente. Ela é composta hoje por 208 deputados federais e 35 senadores.
Na representação, também é citada a atuação de Minc diante da aprovação do Código Ambiental de Santa Catarina. A legislação estadual diminui a faixa de mata ciliar protegida de 30 metros, presente na legislação federal, para 5 metros no Estado. O ministro pediu para que sejam tratados como criminosos aqueles que não cumprirem a legislação federal.

Confirmando a fama de truculento e defensor do latifúndio, outro demista que vociferou e dirigiu insultos ao ministro Carlos Minc foi o deputado Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM na Câmara. ''Como responder um desqualificado moral como esse? Esse homem não tem estatura, é um irresponsável por tratar um segmento, o setor produtivo rural com essas palavras. Ele deve tratar assim quem ele convive bem, que é com o narcotráfico dos morros do Rio de Janeiro'', disse Caiado.
Na semana passada, Minc chegou a divulgar nota oficial para afirmar que não teve a intenção de insultar a bancada ruralista. ''Não mencionei qualquer nome, não ofendi qualquer pessoa. Alertei sobre o risco de manipulação da agricultura familiar pelos grandes com o objetivo de usá-los como massa de manobra contra as proteções ambientais'', diz Minc na nota.
O ministro rebateu as críticas de Caiado ao afirmar que ficou ''completamente estarrecido com a virulência e o baixo nível'' das palavras usadas pelo líder demista. 70 ações contra grandes desmatadores
Nesta terça-feira, Minc comunicou que o governo entrará com 70 ações civis públicas contra grandes desmatadores. No ano passado, foram impetradas 100 ações civis públicas desse tipo, que tiveram entre os alvos empresários, políticos e fazendeiros.
''Vai ter uma intensificação brutal das operações em junho e julho. Vamos cair com tudo em cima'', disse o ministro, revelando que não se deixará acuar pela gritaria dos ruralistas.
Minc disse ainda que no próximo dia 19 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma comitiva de ministros visitarão municípios da Amazônia Legal para participar da Operação Arco Verde, que dará alternativas para pequenos produtores que até então viviam do desmatamento da floresta, entre elas linhas de crédito, regularização fundiárias, piscicultura e outros.
''É um complemento obrigatório das operações [da Polícia Federal] Arco de Fogo e dos Guardiões [de combate ao desmatamento], senão estamos enxugando gelo'', completou.

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