terça-feira, 23 de junho de 2009

Entrevista com Marta Suplicy

Marta: é preciso desconstruir o mito de bom gestor do PSDB

A ex-ministra e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy deu entrevista para dois jornais da região do ABC nas quais defendeu que o PT tenha candidato próprio ao governo do Estado de São Paulo em 2010. Perguntada se este candidato poderia ser ela, Marta descartou a hipótese, disse apoiar Palocci como candidato e afirmou que prefere se candidatar ao legislativo. Segundo o ex-prefeita, para derrotar os tucanos em São Paulo, é preciso desconstruir o mito de bom gestor do PSDB.


As entrevistas foram publicadas no mesmo dia que a direção estadual do PT se reuniu para discutir a estratégia petista para 2010 em São Paulo.


Da reunião, saiu a decisão de criar uma comissão para dialogar com partidos da base aliada sobre as eleições de 2010. A ideia é tirar da "informalidade" o debate sobre a campanha e chegar a um nome de consenso para disputar o governo paulista, segundo o presidente estadual da sigla, Edinho Silva.


Farão parte da comissão os líderes das bancadas petistas na Câmara e no Senado e o presidente do diretório paulista. O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, será convidado a compor a comissão.


O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) tem sido apontado como um nome que poderia obter o consenso entre os partidos da base para disputar as eleições em São Paulo. “Vamos dialogar com partidos da base aliada, inclusive ressaltamos que o Ciro é uma liderança que todos nós respeitamos, o PT tem um grande respeito pelo Ciro, já havia dito isso na semana passada e hoje fortalecemos essa posição. Queremos conversar com o PSB, bem como com todos os partidos da base aliada”, disse Edinho Silva.

"O centro da nossa tática é a construção da candidatura da Dilma em São Paulo”, ressaltou, referindo-se à provável candidatura da ministra Dilma Roussef (Casa Civil) à Presidência da República.


Nas entrevistas que concedeu, a ex-prefeita Marta Suplicy concorda com a posição da direção partidária. Segundo ela, sua principal tarefa política no momento é a fazer a campanha de Dilma no Interior.


Veja abaixo as principais declarações de Marta Suplicy nas entrevistas que concedeu aos jornais Diário do Grande ABC e ABCD Maior.


Sobre a provável candidatura de Dilma Roussef à presidência:

"A maioria aos companheiros partidários falam mais em conjuntura econômica, projetos estruturantes, eu falo em continuação do projeto Lula por meio de uma mulher diferente como a Dilma. O presidente sabe que teve uma questão peculiar, de entender que é uma mulher com perfil totalmente diferente que pode fazer a diferença no Brasil de hoje. Ela tem uma história, lutou contra a ditadura, tem uma vida pessoal interessante, uma mulher que tem posição de luta, é de esquerda. E ao mesmo tempo é completamente diferente dele, porque é mulher, tem outra formação, outra cultura, outro preparo. Está preparada para o futuro, para o século 21. Porque daqui a 30 anos não estaremos mais trabalhamos do jeito que a gente trabalha. A Dilma tem a competência de vislumbrar esse novo rumo".


Sobre ser candidata ao governo paulista:



"Vou disputar, só não sei para qual cargo: senadora ou deputada federal. Para o governo do Estado apoio o (deputado federal Antônio) Palocci (PT-SP). Vai depender da conjuntura, do partido e da candidatura majoritária (à presidência), que é a que estou mais interessada, pois a prioridade é a Dilma. Acho que nunca tive isso na vida, ter a oportunidade de escolher."


Sobre a eventual candidatura de Ciro Gomes em São Paulo:



"A candidatura do Ciro apareceu do nada. A gente está falando de um nome e esquecemos do partido PSB, que em São Paulo apoia o Serra. Como teremos candidato nessas condições? Se conseguir que o PSB seja enquadrado por uma candidatura da Dilma, agregando outras forças, acho que o PT pode até considerar. Mas me parece distante".


Sobre a importância do PMDB:



"O peso do PMDB é fundamental. Temos de mantê-lo como aliado nacional. Já em São Paulo, é ruim não termos o PMDB. Aqui o PT é mais fechado e essa permanência de poder do PSDB, aliada à Prefeitura paulistana, coloca mais dificuldade ainda para termos esse partido conosco".



Sobre o governo tucano de José Serra:



"Uma coisa que o Ciro faria bem (risos) é desconstruir o mito de bom gestor do PSDB, que é muito mau administrador. Se formos ver o transporte, não evoluiu do jeito que poderia. Na Habitação, com o poderio econômico do Estado não houve avanço. Em menos de dois anos o Serra teve três secretários de Educação. No desenvolvimento da indústria, não houve nenhuma ação contundente para incentivar a permanência o setor produtivo no Estado. O Rodoanel, uma bela proposta, só saiu do papel quando o governo federal entrou com recursos. Em São Paulo tem de fazer as melhorias."


"(O Serra) contingenciou (reteve os recursos) todos os projetos sociais. Em relação aos carros, só agora reduziu o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço). Demorou! Só deu resposta por causa da pressão. Fico perguntando: onde estão os investimentos da Nossa Caixa, os investimentos do governo de São Paulo? São Paulo é o Estado mais rico do Brasil. O que poderia estar fazendo? Na Educação você só vê esse vexame que nós paulistas temos de enfrentar, de estarmos em uma posição horrorosa no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Na Saúde, só vemos escândalos, de falta de atendimento. O Transporte, não vou nem falar. São 16 anos de tucanato em São Paulo. O metrô começou, no final dos anos 1960, junto com o da Cidade do México, que hoje tem uma rede com 240 quilômetros, enquanto o de São Paulo tem apenas 60. E isso foi construído antes de os tucanos entrarem."



Sobre o governo do prefeito Gilberto Kassab:

"Na primeira gestão Serra-Kassab (prefeito e vice da Capital, 2007- 2008), poderia ter organizado muita coisa, principalmente na área de transporte. E quando vejo o nada que foi feito e o trânsito que o cidadão enfrenta, fico muito triste. Fizemos corredor de ônibus, chegamos ao bilhete único e agora regredimos. Não há gestão, o trânsito não flui, a CET não conversa com a SP Trans e não há controle. É uma incompetência muito grande, porque há recurso. É um governo que não faz enfrentamento. Quando se faz corredor de ônibus, existe dificuldade. O comércio reclama, causa transtorno. E aí, para eles, é melhor não fazer".


Fontes: Diário do Grande ABC e ABCD Maior

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