sábado, 4 de julho de 2009

Ironia:Tirar presidente é atribuição do povo, diz golpista. Não deixemos o golpe vingar em Honduras

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, chegou na tarde desta sexta-feira (03) a Tegucigalpa, para oficializar o ultimato da entidade, dirigido aos golpistas, para que o presidente deposto José Manuel Zelaya seja restituído. Pouco antes, o governo interino já expressava hostilidade. O novo chanceler de Honduras, Enrique Ortez, disse que se Insulza pretendia ir ao seu país para exigir o retorno do presidente afastado, ''é melhor que não venha.''

Ironicamente, na opinião de Ortez, ''nenhum organismo internacional pode intervir em um país ou local para tirar ou pôr um presidente, porque esta é uma atribuição do povo''. Sergundo ele, o retorno de Zelaya ''não é negociável''.

Antes da viagem, Insulza alertou, na quinta-feira, que a comunidade internacional já fez ''praticamente tudo o que pode ser feito'' pela via da diplomacia, e previu que a missão encontraria rejeição. No fim de semana, quando se encerra o prazo estipulado pela OEA, os países-membros do bloco irão analisar sanções.

O ministro do governo de fato, Enrique Ortez, contudo, minimizou uma eventual penalidade. Afirmou que, se OEA excluir Honduras do órgão por não restituir Zelaya, ''nada vai acontecer, já que fizeram isso com Cuba e nada aconteceu, Fidel enfrentou essa situação'', colocou.

Contra o golpe

Em Honduras, as manifestações dos apoiadores de Zelaya continuaram hoje em várias regiões. Conforme programado, movimentos populares saíram em direção à sede da OEA, onde se reuniriam com Insulza. A marcha foi convocada pela Frente Nacional de Resistência ao Golpe de Estado e dela participam estudantes, camponeses, professores e trabalhadores de maneira geral.

Repórteres que se encontram no local relataram que esta foi a maior manifestação desde o golpe. Um dos motivos apontados é a pausa na repressão militar, atribuída a uma tentativa de demonstrar um irreal clima de normalidade. Alguns jornalistas falam que a marcha reúne cerca de 50 mil pessoas, com cartazes e faixas em apoio a Zelaya e contra os golpistas.

Ainda nesta sexta, o presidente designado pelo Congresso, Roberto Micheletti, discursou na capital, tentando reduzir a reação internacional ao golpe. ''Peço a todos que se comuniquem com seus familiares que vivem ao redor do mundo e digam a eles que aqui não houve um golpe de Estado'', disse o presidente, dirigindo-se a manifestantes que se concentravam diante da sede do governo.

"Devemos demonstrar ao mundo que queremos viver em paz e em democracia", completou, garantindo que o país terá eleições presidenciais em novembro, como já estava previsto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário