terça-feira, 21 de julho de 2009

Posição firme do Brasil contra o golpe em Honduras.

O Brasil e os Estados Unidos divergem sobre as negociações sobre a crise em Honduras, conduzidas pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias. Na última sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, telefonou à secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para dizer que estava preocupado com a negociação. A informação foi transmitida pelo Globo Online, citando "um graduado diplomata brasileiro".
Amorim afirmou no telefonema que encara com restrição a proposta de Arias, que age como mediador do conflito, de propor um governo de reconciliação nacional. Na visão do Itamaraty, isso significa "premiar os golpistas" e descumprir a resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA). O Brasil defende que nenhum acordo seja feito sem que Zelaya possa voltar ao país e reassumir o cargo.
Lula levará tema à cúpula do Mercosul
Enquanto isso, os EUA aplaudem a busca de um governo de coalizão entre o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e os autores do golpe de Estado que levou ao poder de fato o presidente do Congresso Hhndurenho, Roberto Micheletti.
Segundo o diplomata brasileiro citado pelo Globo Online, o Brasil não vai desistir. O presidente Luiz Inácio da Silva aproveitará o encontro de cúpula de chefes de Estado do Mercosul, que tradicionalmente reúne todos os presidentes sul-americanos, para propagar sua posição. A reunião acontecerá em Assunção, no Paraguai, nas próximas quinta e sexta-feira.
"É preciso que Zelaya volte sem condições. Nossa posição é que, se todo governo golpista se instalar no poder e o resultado da negociação for uma coalização, surge um tremendo incentivo ao golpe de Estado", disse essa fonte.
O presidente eleito, derrubado pelo golpe do dia 28 último, declarou que retornará ao seu país ao fim do prazo de 72 horas pedido por Arias no domingo (19). Em Tegucigalpa e outras cidades hondurenhas, prosseguem as manifestações de rua contra o golpe e há o temos de que o governo de fato conduza o país a uma guerra civil. Na primeira tentativa de retorno de Zelaya, dia 11, os golpistas colocaram veículos militares na pista do aeroporto, enquanto a tropa de choque reprimia os protestos populares, deixando o saldo de um jovem morto por um tiro.
Casa Branca enaltece conduta de Arias
Contrariando as expectativas do governo brasileiro, nesta segunda-feira o porta-voz interino da Casa Branca, Robert A. Wood, fez uma declaração, divulgada pela embaixada dos EUA em Brasília, parabenizando Arias "pelos esforços continuados em facilitar uma negociação pacífica em prol da restauração da ordem democrática e constitucional de Honduras". Para Wood, as conversações que aconteceram no fim de semana produziram progressos significativos e criaram uma base para uma possível resolução que obedeça aos princípios da Carta Democrática Inter-Americana e às decisões tomadas pela OEA.
"Neste momento importante, também conclamamos a OEA, seus países membros e as outras partes interessadas para reafirmarem seu apoio às conversações intermediadas pelo presidente Arias, salientando seu compromisso para uma solução pacífica das disputas políticas por meio do diálogo, permanecendo fiéis aos princípios de não-intervenção e autodeterminação, e expressando sua solidariedade pelo bem-estar democrático do povo de Honduras", diz um trecho da declaração, indicando um claro recado ao Brasil.
A relação Brasil-Honduras está gongelada
Da parte do governo brasileiro, as relações com Honduras estão congeladas. A União Europeia (UE), por sua vez, anunciou nesta segunda-feira a suspensão de sua ajuda econômica a Honduras, no valor de US$ 93 milhões.
Um levantamento preliminar sobre as relações com o Brasil mostra que hondurenhos deixarão de ganhar, por baixo, cerca de US$ 310 milhões em investimentos do setor privado, do BNDES e da Petrobras. São exemplos a instalação de uma fábrica de lubrificantes pela Petrobras, com custo estimado em US$ 50 milhões; a construção de duas hidrelétricas, Los Llanitos e Jicatuyo, no valor de US$ 180 milhões; e a participação do Brasil no projeto de pavimentação de estradas no trecho de Tegucigalpa a Catacamas, orçado em torno de US$ 80 milhões.

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