sábado, 25 de julho de 2009

Na Nicarágua, Zelaya tenta negociar com militares

O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya afirmou nesta sexta-feira (24), ao pisar rapidamente de novo em território hondurenho, 24 dias após ter sido derrubado pelos militares, que age com prudência e com coragem.

Zelaya declarou que pretende se reunir com o chefe do Estado Maior hondurenho, o general Romeo Vázquez e com membros das Forças Armadas, apontados como os verdadeiros golpistas, para agilizar seu retorno ao cargo do qual foi destituído.
"Não tenho medo quando trabalho por um fim nobre", disse Zelaya aos jornalistas locais e internacionais que o cercavam em seu retorno a território hondurenho, onde permaneceu durante duas horas antes de recuar e voltar a solo nicaraguense. "Não tenho ódio a ninguém", afirmou.
Ele ressaltou que age "com prudência, mas também com coragem". "Sei defender meus direitos e não recuo quando alguém tenta me ultrajar", assegurou.
Zelaya entrou em território hondurenho procedente da Nicarágua pela passagem fronteiriça de Las Manos, cercado de colaboradores e dezenas de seguidores, onde soldados das Forças Armadas e da Polícia de Honduras mantinham forte vigilância.
No entanto, o líder se manteve no posto do lado hondurenho da fronteira, sem se aproximar do local no qual estavam os policiais e militares, à espera de sua família e de seguidores que estavam retidos pelas forças de segurança cerca de 12 quilômetros, segundo disse à imprensa a mulher do presidente deposto, Xiomara Castro.


Hillary não gostou

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, classificou de "imprudente" a tentativa do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, de retornar ao seu país. Zelaya cruzou a fronteira entre a cidade nicaraguense de Las Manos e o território hondurenho às 14h26 locais (17h26 em Brasília) desta sexta-feira (24). Pouco depois, acompanhado por uma comitiva de simpatizantes, ele voltou à Nicarágua.
"Pedimos de forma consistente a todas as partes que evitem qualquer ação provocativa que possa gerar violência", disse Hillary que considerou "temerário" o "esforço do presidente Zelaya de cruzar a fronteira de Honduras".
Pouco antes, um dos porta-vozes do Departamento de Estado, Phillip Crowley, havia declarado esperar que Zelaya visitasse Washington na próxima terça-feira, mas disse desconhecer a agenda do mandatário.
"Continuamos em contato com as duas partes" em conflito "através de nosso embaixador" em Tegucigalpa, Hugo Llorens, explicou o porta-voz.
Por sua parte, o governo de facto hondurenho, instaurado em 28 de junho, anunciou que Zelaya seria detido se cruzasse a fronteira, pois ele responde a 'processos' no país.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, desaconselhou a volta de Zelaya para Honduras.
Insulza considera que "o retorno seria precipitado, pois estamos esperando uma resposta definitiva" do governo de facto à proposta do mediador do conflito, o presidente da Costa Rica, Oscar Arias.
Outros líderes, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e do Uruguai, Tabaré Vázquez, ligaram para Zelaya para expressar apoio à seu retorno.
"Agradeço à presidente (argentina) Cristina Kirchner, a Tabaré Vázquez (do Uruguai), a Evo Morales (da Bolívia), ao presidente Lula, ao presidente (paraguaio Fernando) Lugo e aos demais membros que se pronunciaram de forma enérgica", disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário