sexta-feira, 24 de julho de 2009

Empresas sinalizam boicote à Confecom; Hélio Costa se cala

A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), agendada para os dias 1º, 2 e 3 de dezembro, deverá ocorrer sem a presença dos empresários do setor de radiodifusão, telecomunicações, mídias impressas, internet e TV por assinatura. O covarde boicote — que teria o aval do ministro das Comunicações, Helio Costa — ainda é tratado com reserva, embora seja confirmado informalmente por setores empresariais.

A ausência das empresas na reunião sobre a definição do regimento do evento, realizada nesta quarta (22), é apenas a parte visível do que está acontecendo. Pôde-se sentir tal sinalização um dia antes, no encontro prévio de duas horas entre as entidades empresariais e o ministro da Comunicação, Hélio Costa, na tarde de terça (21).

Após receber por escrito uma série de reivindicações das entidades (Abert, Abra, Abranet, Abrafix, Telebrasil, ABTA, ANJ e ANER), Costa informou aos presentes que a reunião de deliberação do regimento, na quarta (22), estava desmarcada. Ele também recomendou aos setores empresariais que buscassem manifestar suas posições aos ministros Luis Dulci (Secretaria Geral) e Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social)

Segundo Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria disposto a ouvir, individualmente, cada uma das entidades. Entre as reivindicações estavam os principais pleitos que já vinham sendo expostos pelos radiodifusores: quórum qualificado em que os setores empresariais tenham peso relevante e temática voltada para temas futuros — e não para críticas e revisão dos marcos regulatórios e modelos atuais.

Desta vez, todas as entidades subscreveram as posições — os grandes conglomerados de mídia se uniram em torno de seus interesses. O próprio gesto de terem entregado um conjunto de propostas por escrito pode significar ainda uma disposição ao diálogo. O problema é que, segundo interlocutores do processo, não parece haver, por parte de Hélio Costa, uma disposição de manter os empresários na Confecom.

Um estranho cancelamento

Não se sabe, por exemplo, se Costa avisou o cancelamento da reunião a Luis Dulci ou Franklin Martins. O fato é que nesta quarta-feira, às 11 horas, houve por parte do Minicom uma tentativa de desfazer a orientação anterior e recuperar a agenda dos empresários, sem sucesso.

Mas os empresários entenderam que, como a ordem de cancelar o encontro havia vindo do ministro, uma nova ordem deveria vir dele também. E, como o próprio ministro das Comunicações não iria à reunião, nenhuma das entidades empresariais se deu ao trabalho de atender aos chamados. Resultado: a reunião aconteceu apenas com os representantes da sociedade civil.

As associações empresariais esperam para a próxima terça-feira uma nova reunião sobre o regimento. Se lá não virem atendidas as suas reivindicações, será a senha para que todos desembarquem do processo de organização da Conferência Nacional de Comunicação.

A Confecom depende ainda das questões de verba e do cronograma apertado. Mas, se acontecer, poderá se reduzir a um espaço para a manifestação da sociedade civil, sem a presença das empresas.

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