sábado, 11 de julho de 2009

Ciro já admite mudar título eleitoral para São Paulo

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) admitiu pela primeira vez, em visita ao Guarujá, litoral paulista, a mudança de seu domicílio eleitoral para São Paulo, onde poderia ser o candidato ao governo por uma coligação contra 12 anos de domínio tucano. "Se eu tiver de fazer a transferência do título, não quer dizer que seja candidato a governador. Posso ser candidato a presidente tendo domicílio eleitoral em São Paulo", ponderou.
Ciro foi saudado como "governador" durante a palestra que apresentou nesta quinta-feira (9). Além do PSB paulista, a possibilidade tem adeptos no PCdoB e setores do PT. Ele próprio não fecha as portas para nenhuma de suas três possíveis opções em 2010: as outras duas são candidatar-se à Presidência em nome de uma "terceira via" e sair como vice na chapa de Dilma Rousseff (PT).
Apartamento em Higienópolis
No Guarujá a alternativa paulista pareceu estar em alta. "Há um punhado de pessoas com quem trabalho que tem me pedido para refletir sobre isso. Considero uma responsabilidade muito honrosa, muito grave. Se eu tiver de fazer a transferência do título, não quer dizer, só este ato, que eu seja candidato a governador. Posso ser candidato a presidente tendo domicílio eleitoral em São Paulo", disse Ciro.
Por exigência da Lei, Ciro Gomes só pode concorrer ao Palácio dos Bandeirantes caso se registre como eleitor no estado até o final de setembro. Nascido em Pindamonhangaba, há 52 anos, ele mudou-se aos sete para o Ceará, onde foi deputado estadual, prefeito, governador e hoje deputado federal.
Dias antes, Ciro Gomes revelou que pantém um domicílio na capital paulista – o que atende às exigências da lei eleitoral e pode facilitar sua candidatura ao governo. O apartamento, em Higienópolis, foi a moradia de sua filha Lívia, que estudou na faculdade Santa Marcelina. Lívia Gomes já se formou e se mudou neste ano para o Ceará. Ciro, no entanto, manteve o apartamento. "Tem 12 anos que vou pelo menos uma vez por semana a SP", disse.
Opiniões sobre alianças em SP
Ciro chegou a falar à imprensa no Guarujá como um quase candidato paulista. Fazendo reflexões sobre o arco de alianças no estado, foi duro com o PMDB de Orestes Quércia, hoje engalado no projeto presidencial tucano de José Serra, mas não descartou o PP do deputado Paulo Maluf e até admitiu ter mantido conversas com o ex-prefeito sobre 2010.
"O que pega é catapora, conversar com as pessoas não faz mal nenhum", declarou Ciro, procurando lidar com a alta rejeição a Maluf em setores do eleitorado paulista. Disse que tem uma relação de "cordialidade" com Maluf e argumentou. "Faço aliança até com Satanás se for para fazer a obra de Deus".
Citação de Gramsci
Ciro citou o pensador comunista italiano Antonio Gramsci (1891-1937) para criticar alianças políticas em que há "perda de hegemonia moral e intelectual". Embora guardando distância da inclinação conservadora do PP, disse que a questão "depende da hegemonia moral e intelectual que se estabeleça, porque o PP não tem hoje tamanho para alterar o centro de uma hegemonia moral e intelectual boa".
Mas o deputado descartou uma composição com o PMDB de Orestes Quércia. "Não vou para uma aliança com o Quércia. Não vou. Ponto final", afirmou.
Embora o PSB e o próprio Ciro mantenham a candidatura presidencial como primeira opção, o deputado voltou a defender a pré-candidata petista Dilma Rousseff. Os dois têm boas relações desde quando estiveram juntos no ministério, no primeiro governo Lula.
Ciro disse que estão colocando "a faca no pescoço" de Dilma ao fazerem com que ela defenda o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). "Obrigar a Dilma a defender o Sarney? Que isso? O Lula, na Presidência da República, que se obrigue a essa tarefa institucional, eu entendo. E a Dilma, que é uma persona política em formação, pessoa de valor extraordinário? É uma exigência de faca no pescoço", avaliou.

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