terça-feira, 7 de julho de 2009

E o futuro?

2010,2012,2014,2018,2020,2022,2024,2026,2028,2030,2032,
2034,2036,2038,2040..................................

Pensar os cenários futuros(inclusive os eleitorais) e projetá-los é algo perfeitamente legitimo e importante na política. Principalmente com um calendário eleitoral desses. Eleições a cada dois anos. O bom e o divertido de tudo isso é que a vida e novos acontecimentos sociais (portanto políticos, ontologicamente falando) acontecem a cada segundo, pondo em desordem as previsões e repondo um novo plano, uma nova projeção. O que mais vi ser alterado em meu ainda curto período de militância iniciada em meados dos anos 80 até os dias de hoje, foi o quanto o peso das eleições e seus calendários passaram a ser a pauta principal das forças de esquerda. Correto e legitimo. Assusta-me como de um elemento importante na disputa política e social elas (eleições) passaram a ser para amplos setores da esquerda que se “pragmatizou” a prioridade, das prioridades. As lutas sociais nessa inversão passaram de prioridade para acessório e as eleições de acessório para prioridade absoluta. Fala-se em movimentos sociais, muitas vezes por falar.É gostoso ver esses cálculos se desfazendo pelo revolucionário movimento intrínseco da sociedade e dos fatos gerados fora do controle da “racionalidade política” desfazendo como um castelo de cartas os cálculos gélidos do pragmatismo. Devemos sim (esquerda) disputar eleições e governar no capitalismo, obvio que não para o capitalismo, esse é um debate resolvido para amplos setores de esquerda e para mim também. O que trato aqui é dos cálculos interessantes que projetam eleitoralmente quase meio século de eleições vindouras. É uma prática quase generalizada na esquerda e que chama muito minha atenção. Onde estão a auto-organização do povo, dos (as) trabalhadores (as), os caminhos alternativos de auto-gestão. Acho que deve haver entre os dois movimentos, eleitoral e de lutas sócias, no mínimo um equilíbrio (para não falar de um peso que deva ser maior para a segunda ação). Infelizmente a balança tem pesado mais para um lado que para o outro. Para ilustrar trechos de duas belíssimas músicas da nossa MPB.


“Faz tempo que ninguém canta uma canção falando fácil... claro-fácil, claramente... das coisas que acontecem todo dia, em nosso tempo e lugar. Você fica perdendo o sono, pretendendo ser o dono das palavras, ser a voz do que é novo; e a vida, sempre nova, acontecendo de surpresa, caindo como pedra sobre o povo”.

Belchior. In Caso Comum de Trânsito


”E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio In. Aquarela

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