sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dilma discorda de "jogar Sarney aos leões"

"Não concordo em demonizar o presidente [do Senado] Sarney e responsabilizá-lo por toda a crise", disse nesta sexta-feira (3) a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em entrevista. Dilma, que passou a participar pessoalmente do esforço do governo face à crise no Senado, criticou o que considerou uma mania brasileira, de tratar as questões éticas "jogando alguém aos leões".

Dilma chega ao CCBB: apurar tudo

“Veja bem, tem uma prática no Brasil que não está correta, de achar que sempre que você pega uma pessoa e joga ela aos leões se está no caminho de solucionar as questões éticas. O modelo não é esse, o modelo é estranhamente culpá-la por uma prática que tem mais de 15 anos, como se ela fosse a responsável”, disse a ministra.
"Um modelo que dá pizza"


A ministra falou aos jornalistas enquanto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) era recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência. Ela defendeu que se apure tudo e que "nada deve ser ocultado". Mas questionou que uma só pessoa seja a culpada por mais de 600 decretos secretos que se prolongaram há 15 anos.


Dilma lembrou que boa parte das contratações, que teriam ocorrido de forma secreta, e de emissão de passagens aéreas para familiares dos parlamentares foram de responsabilidade da 1ª secretaria do Senado, ocupada pelo DEM. Para ela, o DEM também tem que prestar contas pela crise no Senado.


“Soube que os integrantes da 1ª Secretaria só foram do DEM; e estranhamente o DEM pede o afastamento de Sarney", disse Dilma.


"Acho que tem um modelo no país que dá pizza, que é esconder a questão embaixo do tapete, que é assim: pega uma pessoa, liquida ela, torna ela responsável por tudo e assim esconde todos os malfeitos que não são específicos”, comentou.


Transparência e cautela


Ao comentar notícia de que Sarney não declarou à Justiça Eleitoral a casa onde mora, em Brasília, Dilma defendeu a apuração do fato. "Acho que nada deve ser ocultado. O governo não defende ocultação de nada", afirmou. "Por outro lado, não concordo em demonizar o presidente Sarney e responsabilizá-lo por toda a crise".


Na entrevista, a ministra fez questão de defender a transparência no poder público. "Eu sou inteiramente a favor de toda transparência no Senado e da apuração das responsabilidades. Também sou a favor que se garanta que o Senado se aperfeiçoe", afirmou. Dilma voltou a pedir "cautela" de aliados e oposicionistas nessa crise.


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