terça-feira, 12 de maio de 2009

Uma dívida histórica.

Gostei bastante do texo abaixo que trata das relações Brasil e Paraguai.

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, chegou ao Brasil nesta quinta-feira (7) para uma visita oficial de dois dias, durante qual pretende tratar de uma série de acordos bilaterais com o governo brasileiro e, principalmente, negociar a revisão do contrato que regula a hidrelétrica binacional de Itaipu, pertencente aos dois países.
Lugo disse acreditar na disposição do governo brasileiro em negociar os termos do contrato. ''Convém a todos crescer juntos; esta é a aposta que fazemos na América Latina'', ressaltou, dizendo que os países mais desenvolvidos deveriam estender a mão aos mais pobres.
Entre as reivindicações, o Paraguai pede a revisão dos preços que o Brasil paga pela energia produzida pela hidroelétrica. A política de preços segue o estabelecido no caduco Tratado de Itaipu, assinado em 1973 e com vigência até 2023. Para compensar os gastos que teve com a construção de Itaipu, o Brasil compra a energia excedente a preço de custo e não ao preço de mercado. O Paraguai também reclama o direito de poder vender o excedente de produção ao mercado privado brasileiro ou a outros países, o que é vetado pelo Tratado. Questionam ainda a dívida deixada pela construção da hidrelétrica. Segundo o governo paraguaio, ela deve ser auditada, pois já foi paga mas vem crescendo devido a um complexo sistema de juros duplos.
O Paraguai que faz tais reivindicações é um novo país, que mira o progresso econômico e soberano aliado ao desenvolvimento com justiça social.
Mas, a exemplo do que ocorreu quando Evo Morales nacionalizou os hidrocarbonetos na Bolívia e quando Rafael Correia contestou os serviços prestados pela multinacional brasileira Odebrechet no Equador, desta vez também um setor da mesquinha elite brasileira usa os espaços que têm na mídia para espernear e cobrar do governo brasileiro uma postura ''inflexível'' em relação ao Paraguai. Por trás deste discurso, maquiado de defesa do interesse nacional, está a tentativa de inviabilizar os esforços de integração sulamericana.
O Estado brasileiro não pode se tornar refém das pressões destes setores da direita neoliberal que defendem a ''política do porrete'' e da prepotência contra os vizinhos latinoamericanos menores, mas se submete aos ditames neocolonisalistas das grandes potências.
A famosa expressão popular ''amigos, amigos, negócios à parte'' é constantemente lembrada pelos neoliberais, mas eles esquecem que ela não se encaixa nas relações internacionais. Somente os muito tolos ou muito cínicos defendem que as relações comerciais sejam apartadas das questões políticas.
No caso da relação Brasil-Paraguai, ela ganha atualmente uma importância política ainda maior, já que o governo Lugo integra a malha de governos progressistas da região. Há algumas semanas, Lugo enfrenta uma campanha massacrante pelos conservadores, que se aproveitam de um problema pessoal do presidente para atacá-lo politicamente. A grande mídia, como sempe, funciona como ponta de lança da campanha e não faltam ''analistas'' na imprensa para condenar o presidente sugerindo que se ele ''falha'' na administração da vida pessoal, não estaria apto para administrar o país.
Num momento como este, de enfrentamento com a elite paraguaia - inconformada com a perda do poder que mantinha há décadas - seria muito interessante que o presidente Lugo retornasse da visita oficial ao Brasil empunhando a conquista de um acordo justo sobre a questão de Itaipu. Seria um trunfo importante para fortalecer politicamente o governo progressista de um país irmão e, assim, fortalecer também os esforços de todos os povos latinoamericanos pela ampla integração regional.
Do site:www.vermelho.org.br

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