domingo, 31 de maio de 2009

Corpo achado em Berlim pode ser de Rosa Luxemburgo


Resgatando a dignidade Socialista. Rosa Luxemburgo presente.

Um cadáver guardado por décadas no porão do hospital universitário Charité, uma das mais importantes instituições científicas da Alemanha, pode ser o da famosa revolucionária germano-polonesa Rosa Luxemburgo, segundo a revista Der Spiegel. A fundadora do Partido Comunista Alemão, em dezembro de 1918, foi assassinada e jogada num canal um mês depois, 15 de janeiro de 1919, pelos ultradireitistas dos Freikorps.

"Há semelhanças espantosas com Rosa Luxemburgo'', disse diretor do departamento de medicina legal do hospital, Michael Tsokos, após exames minuciosos feitos no corpo.

O torso de mulher, sem cabeça, mãos e pés, foi submetido a diversos exames, incluindo tomografia computadorizada. ''A mulher sofria de artrose e tinha pernas de comprimentos diferentes, exatamente como Rosa Luxemburgo'', acrescentou Tsokos.

De acordo com resultado de análises laboratoriais para determinar a idade, a morta tinha entre 40 e 50 anos. Rosa tinha 47 anos quando foi assassinada, junto com Karl Liebknecht, também fundador do Partido Comunista.

''Socialismo ou barbárie''

Rosa Luxemburgo nasceu em 1871, numa família judaica da Polônia, na época pertencente ao Império Russo. Iniciou a militância aos 13 anos, numa escola feminina em Varsóvia. Em 1897 mudou-se para a Alemanha, onde se desenvolvia o mais importante movimento operário da época.

Rosa foi uma mulher de ação revolucionária – pagando por isto com anos de cárcere – e também uma teórica marxista. Seu texto Reforma ou revolução?, escrito aos 28 anos de idade, é tido como uma obra clássica. Na Carta a Junius, escrita da prisão, durante a 1ª Guerra Mundial, ela formulou o célebre dilema ''socialismo ou barbárie''.

Quando o movimento operário alemão e europeu se cindiu, em 1914, com sua ala direita participando da guerra mundial interimperialista, Rosa colocou-se decididamente do lado dos revolucionários. Foi uma das principais líderes da Liga Spártacus, que em seguida daria lugar ao Partido Comunista da Alemanha.

O apelo de Bertolt Brecht

A militante marxista foi assassinada com um tiro na cabeça em janeiro de 1919, após ser sequestrada e espancada a coronhadas por membros da organização paramilitar de ultradireita Freikorps, que mais tarde apoiaria os nazistas. Depois, o corpo foi jogado em um canal fluvial de Berlim.

Os comunistas alemães sempre acusaram o governo social-democrata da época de mandante do crime. Em 1999, uma investigação do governo alemão concluiu que os Freikorps de fato haviam recebido ordens e dinheiro dos governantes social-democratas para matar Rosa Luxemburgo.

Um corpo encontrado no canal no dia 31 de maio de 1919 foi enterrado como sendo o de Rosa Luxemburgo, em meio a forte comoção do movimento operário alemão e mundial. O epitáfio da sepultura foi escrito pelo poeta e dramaturgo comunista Bertolt Brecht:
Epitáfio de Rosa Luxemburgo
Aqui jaz
Rosa Luxemburgo,
judia da Polônia,
vanguarda dos operários alemães,
morta por ordem dos opressores.
Oprimidos,
enterrai vossas desavenças!

Esquerda exige investigação

Os assassinos jogaram o cadáver da revolucionária num curso d'água em Berlim, o Landwehrkanal. Para Tsokos, a falta de pés, mãos e cabeça seria resultado dos arames de aço que foram amarrados com pesos nos pulsos, tornozelos e no pescoço de Rosa para que o corpo não retornasse à superfície. Ele acredita ser possível que os fios metálicos e a correnteza da água tenham provocado a separação dos membros.

Deputados do partido de esquerda Die Linke (A Esquerda), reivindicaram nesta sexta-feira a intervenção do governo federal alemão para que o mistério seja esclarecido rapidamente. A revolucionária é padroeira da agremiação, formada em 2007 pela fusão do Partido Comunista com a ala esquerda da social-democracia.

Corpo enterrado seria de outra mulher

O médico legista diz crer, com base na análise do relatório da autópsia realizada na época, que o corpo enterrado como sendo o da revolucionária pertencia a uma outra mulher, provavelmente alguém que se suicidou no mesmo canal.

As anotações, os legistas da época não apontam uma diferença no tamanho das pernas do cadáver, nem outras características físicas peculiares a Rosa Luxemburgo.

Ela apresentava uma deformação na coluna, que fazia com que andasse mancando. A cabeça da autopsiada também não apresentava marcas de tiro. O túmulo de Rosa se encontra vazio, depois de ter sido saqueado pelos nazistas em 1935.

''Sob a pressão dos militares, que tinham pressa em resolver o caso, os médicos emitiram o atestado usando uma outra morta afogada'', avalia Tsokos.

Ele reconhece, no entanto, que só poderá ter a prova definitiva por meio de exames de DNA. ''Só assim poderemos ter uma identificação inequívoca'', afirma.

Tsokos espera poder comparar o material genético com mostras retiradas de uma sobrinha de Luxemburgo, que viveria em Varsóvia, para comprovar a identidade do corpo.
Do site: www.vermelho.org.br

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