domingo, 22 de março de 2009

Venezuela: Chávez anuncia estatização de banco e pacote contra crise



O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quinta-feira, a nacionalização de uma das maiores instituições financeiras do país, o Banco da Venezuela, que pertence ao grupo espanhol Santander. Chávez também informou que divulgará, no próximo sábado, um pacote de medidas para conter os efeitos da crise financeira mundial.

Em declarações transmitidas pelo canal estatal Venezolana de Televisión, Chávez explicou que as ações contra a crise fazem parte do chamado "pacote chavista", que será anunicado neste sábado. "O povo deve assumir a magnitude da crise mundial e seu impacto sobre a Venezuela", afirmou o presidente, em referência à queda do preço do petróleo, qualificada como "dramática".

"Aqui há um governo que vai trabalhar para defender os interesses do povo, não os da oligarquia nem da burguesia", pontuou Chávez, sem dar mais detalhes sobre o pacote.
Chávez também deixou claro que pretende levar adiante a nacionalização do Banco da Venezuela, uma das principais instituições de crédito do país. A operação havia sido anunciada em 2008.

"Hoje voltamos ao assunto: anuncio a nacionalização do Banco da Venezuela com o objetivo de reforçar o sistema bancário público do país", disse o presidente, sem precisar quando pretende colocar em prática a decisão.

No dia 31 de julho do ano passado, Chávez anunciou inesperadamente a nacionalização do banco, para "colocá-lo a serviço do povo". E adiantou que pretendia transformar o Banco da Venezuela em uma versão venezuelana da Caixa Econômica Federal. Na ocasião, pediu que os proprietários fossem a Caracas "para negociar o montante da indenização". Porém, nos últimos meses, o projeto para a nacionalização do banco não avançou.

No início do mês, o ministro de Finanças, Ali Rodriguez, afirmou que o governo e o grupo espanhol Santander mantinham uma "excelente relação", mas não haviam chegado ainda a um acordo sobre a nacionalização. A imprensa venezuelana afirmou em novembro que as negociações estavam estancadas porque não havia acordo quanto ao valor a ser pago como indenização.

O grupo Santander estaria exigindo o equivalente a US$ 1,2 bilhão, mas a oferta do governo era de US$ 800 milhões. O Banco da Venezuela é uma das principais instituições do sistema financeiro do país e conta com pelo menos US$ 700 milhões investidos em operações na Venezuela.
Nacionalizações
A estatização do banco se somará a outras que o governo venezuelano vêm tomando nas últimas semanas, após prometer "aprofundar" a revolução bolivariana.
Há duas semanas, o governo retomou as expropriações de terras ociosas e determinou a estatização da produção de arroz da multinacional norte-americana Cargill. As estatizações dos setores considerados estratégicos, porém, ocorrem desde 2007.

A partir deste período, foram nacionalizadas as companhias de telecomunicações e de eletricidade, a faixa petrolífera do rio Orinoco, a maior indústria siderúrgica do país e três empresas de cimento. Em todos os processos, o governo pagou pela aquisição das empresas.

Vermelho (www.vermelho.org.br)

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