terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ofensiva imperialista no Afeganistão

Operação dos marines ainda encontra resistência em Majah
Franco-atiradores da resistência afegã atacaram nesta segunda-feira (15) tropas de marines estadunidenses que tentam se apoderar da cidade de Marjah, no sul do país. Este foi o terceiro dia da maior ofensiva da Otan desde a invasão do Afeganistão, em 2001, mobilizando 15 mil soldados, entre americanos, afegãos e britânicos.
Segundo porta-vozes do Pentágono, o avanço da ofensiva é lento devido a "enfrentamentos esporádicos" e disparos dos combatentes do Talibã nos bairros de Marjah. As caravanas de veículos blindados só conseguiram avançar 500 metros, em uma área de vielas, enquanto uma escolta de infantaria protegia os veículos do fogo dos combatentes muçulmanos, apesar de uma eufórica declaração anterior dizer que Marjah e a vizinha cidade de Nad Ali estavam "sob controle".

"Estamos fazendo sólidos progressos, mas sendo muito metódicos na detecção e limpeza das rotas, numa área pesadamente saturada de IEDs", comentou o capitão dos marines Abraham Sipe para a Reuters. IED é a sigla de improvised explosive devices (artefatos explosivos improvoisados), como os ocupantes chamam as bombas afegãs de fabricação caseira.

Por duas vezes as tropas de marines foram detidas por uma pesada barreira de disparos, quando tentavam alcançar um mercado na cidade. Outra coluna militar reportou que foi alvo de três equipes de atiradores postadas em posições distintas.

As baixas fatais, conforme estas mesmas fontes, incluem cinco soldados dos EUA e dois ingleses, assim como 12 descritos como rebeldes e 17 civis. Doze civis foram bombardeados por engano pelo Pentágono – quando dois mísseis se desviaram 300 metros de seu alvo e atingiram uma residência matando os moradores. Outros cinco, também admitidos pelo Pentágono, morreram na cidade de Zhari, também atingidos "por engano" pela artilharia.

Já um porta-voz da resistência afegã, citado pela AIP, disse que 13 soldados estrangeiros morreram e sete ficaram feridos em Marjah desde o sábado, quando começou a operação. Os ocupantes estrangeiros mortos no Afeganistão desde 1º de janeiro somam 74, conforme o site icasualities.org.

Zeina Khodr, correspondente da TV árabe Al Jazira em Cabul, escreveu que a resistência é limitada, mas mostra que os combatentes talibãs ainda operam em Majah. "Embora não se veja, por exemplo, combates corpo a corpo, parece que o talibã não irá embora por enquanto", disse a jornalista.

"As tropas [de ocupação] estão avançando mas num processo lento, pois a área é pesadamente minada por explosivos", disse Zeina.

Marjah fica na província de Helmand, fronteiriça com o Paquistão, e possui 120 mil habitantes, contando a população dos arredores. A região é um centro de cultivo de papoulas, usadas para a produção de ópio e heroína – que voltou a prosperar depois da invasão estadunidense de 2001.

A chamada Operação Moshtarak é considerada como a estréia da estratégia do presidente Barack Obama no Afeganistão. Seu objetivo é controlar a região sul do país, de modo que o governo Karzai consiga se estabelecer. No entanto, conforme a Al Jazira, "o êxito de longo prazo da ofensiva parece depender dela conseguir o apoio da população local, o que será dificultado pela morte de civis".

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